domingo, 5 de dezembro de 2010

A IMPORTÂNCIA DAS TAÇAS

POR FERNANDO KWITKO - Especialista em vinhos e colaborador do site Amigos do Habano




Com freqüência escuto de algumas pessoas que no passado só existiam duas taças de vinho: as de tinto e as de branco. Escuto ainda que atualmente, diante da variedade de taças, as pessoas às vezes encontram dificuldade em saber qual taça serve para qual vinho, e mesmo em saber se existe necessidade de tamanha diversidade para uma mesma bebida.

É mesmo verdade que a diversidade de taças é recente. Foi o austríaco George Riedel quem deu início à produção de diversas taças, em diversos formatos e tamanhos.

A criação de taças diferentes é recente, porque é recente o conhecimento a respeito das peculiaridades específicas de cada vinho, e da conseqüente necessidade dos provadores terem à disposição uma taça que lhes proporcione retirar o máximo de cada vinho que experimentam.

Mas afinal, qual taça, para qual vinho?

De uma forma geral, pode-se dizer que os vinhos tintos necessitam de taças maiores e mais fundas do que os vinhos brancos, pela maior necessidade de contato com o ar, para a liberação de aromas. E também porque os vinhos brancos são bebidos em temperaturas menores – logo, quanto menor a taça, maior a conservação da temperatura.

Dentre as taças de tintos, as chamadas taças de “Bordeaux” são bojudas e fundas, com as bordas mais estreitas. Isso serve para possibilitar que uma boa quantidade do vinho servido tenha contato com o ar, e para encaminhar os aromas diretamente à ponta do nariz.

Já as taças de “Borgonha” costumam ser menos fundas e mais abertas. E isso serve para que os vinhos tenham um contato ainda maior com o ar – para que haja ainda maior quantidade de trocas gasosas e liberação da diversidade de aromas típicos dos vinhos da Borgonha, à base de Pinot Noir.

As taças de vinho branco são menores, pois para esses vinhos não há tanta necessidade de trocas gasosas, mas existe um preocupação maior com a manutenção da temperatura.

As melhores taças para espumantes são as altas e estreitas (chamadas “flüte” ou flauta). E isso não apenas para a manutenção da temperatura, mas também para evitar maior dissipação do gás (as borbulhas).

Existe ainda um outro tipo de taça chamada ISO, que é a taça padrão utilizada nos concursos e degustações. Trata-se de uma taça “intermediária”, ou seja, que serve para todos os vinhos. O problema é que essas taças, ao servirem para todos os vinhos, na verdade não servem a nenhum em particular. Logo, não servem para realçar as peculiaridades de cada vinho.

Ainda muito importante em relação às taças é que sejam de cristal, e não de vidro. E principalmente, que sejam totalmente transparentes, sem cor ou desenho. A análise visual – tanto quanto a olfativa e a gustativa – é de extrema relevância para uma boa degustação.

Para além disso, é só beber e aproveitar!



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