quarta-feira, 30 de março de 2011

Conde de Villanueva - Hostal del Habano

Em Havana Velha, o centro histórico da capital cubana, encontra-se um lugar absolutamente emblemático para o charuteiro. Trata-se do hotel Conde de Villanueva. O ambiente do local respira a aromática fumaça dos habanos. Embora se possa fumar em todos os hotéis de Havana e alguns deles têm ótimas Casas del Habano, no Conde o charuto tem um destaque especial, o que já se constata na placa ao entrar: Hostal del Habano.
É um hotel pequeno - são apenas 9 apartamentos - e sossegado. Passando pelo lobby, há um jardim onde, por uma pequena escadaria, se chega ao coração do Conde: sua Casa del Habano.
É um espaço com três ambientes: a loja propriamente, e duas salas de fumadores. Em uma delas, há uma série de lockers, onde os clientes cativos podem armazenar seus charutos, de modo que estarão sempre prontos a serem desfrutados em momentos de puro relaxamento.
O encanto dessa Casa del Habano não está na beleza da decoração ou na elegância, mas no clima.
No Conde, os vendedores são eles próprios fumadores, e com grande conhecimento e sensibilidade no assunto. Durante uma visita à Casa, após algum tempo de uma ótima conversa, algumas doses de ron anejo e muitas baforadas, me oferecem um charuto torcido na casa cujo blend estava sendo testado. Muito saboroso e de boa complexidade, fiquei realmente surpreso pela qualidade. "Mas ainda estamos trabalhando nele", diz o Chino. Eles têm blends próprios e imitam blends de charutos conhecidos também.
Para quem procura atendimento de alta qualidade porém discreto, não faz questão de spa, fitness centre,quadras esportivas ou de não sei quantos restaurantes para o jantar, o Conde pode ser uma ótima pedida para uma curta temporada em Havana.

Umidor Zino Platinum em laca

Para os que gostam de acessórios diferenciados, o Umidor Cavern GM da grife Zino, com capacidade para 30 charutos, é uma peça muito interessante.
O visual é impecável, um dos mais bonitos umidores que já vi. Segundo o fabricante, são 15 camadas de laca que compôem o acabamento - feito a mão. Internamente, além da bandeja superior, há um compartimento metálico para
acessórios como cortadores, fósforos e isqueiros.
Apesar do design inusitado, em formato oval, o umidor é bem estável sobre a base robusta que o acompanha. Sem dúvida é muito mais que uma caixa umidora; é uma peça decorativa de muito bom gosto. Aliás, esse refinamento é uma marca registrada da grife.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Cohiba Behike X H. Upmann n.2

Ontem, após um jantar com amigos na minha querida Salvador, degustando um saboroso charuto, um amigo - sabendo que eu estivera recentemente em Havana - me perguntou se eu havia provado o H. Upmann N2. Não sendo o maior aficionado pela marca, respondi que os únicos Upmanns que havia degustado eram o Monarca e o Magnum 50. Mas por que o interesse justo no H.Upmann n.2, perguntei.

"Mas ele está na lista dos top 10 do ano da Cigar Aficionado", disse ele.

É verdade, eu não me lembrava disso. Mas ficamos debatendo o assunto. Afinal, o que terá de tão especial esse H.Upmann para figurar entre os 10 mais? Ainda mais em um ano que teve edições limitadas tão boas, será que não encontraram algum outro charuto cubano superior a esse? Não que seja um charuto ruim - ao contrário, é um ótimo puro, consistente como em geral são os H. Upmann - mas  considerando todo o ano de 2010, fica difícil de entender. 

Já o primeiro lugar do Cohiba Behike é facilmente explicado e entendido, pois se trata de um charuto realmente diferenciado, de construção impecável e muito saboroso. Mas o H. Upmann...

La Gloria Cubana Médaille d'Or n.1

La Gloria Cubana é uma daquelas marcas que mora no coração de muitos aficionados. Com o lançamento dos Inmensos - um excelente charuto, a propósito - a marca vendeu muito nas Casas del Habano em 2010.
Mas eu gostaria de lembrar de um clássico de La Gloria que é o Médaille d'Or n.1. Apesar de seu calibre pequeno (Ring 36X185mm), é um charuto de fluxo e queima bem corretos. De visual muito elegante, tem aromas bem equilibrados, com presença marcante de mel e cedro e uma textura muito aveludada.
Clássicos não saem de moda e, no caso específico, também não do umidor.




Cinco anos do AMADO

É com muita alegria que faço esse registro: nosso amigo Edinho Engel está comemorando os cinco primeiros anos de um grande sucesso, o seu restaurante Amado, em Salvador, com dois magníficos jantares. Serão eventos a quatro-mãos, com grandes convidados. Um nesse dia 24, com os chefs Erick Jacquin e Jefferson Rueda, e o segundo no próximo dia 4, sob as mãos de Claude Troisgros e Roberta Sudbrack.
Como frequentador desde o início, posso afirmar que uma de tantas razões para esse sucesso está na personalidade do local, que tem a alma de seu grande chef. O menu é único, onde a criatividade de Edinho produz obras de arte com ingredientes tipicamente locais. O atendimento, extremamente afável, faz com que até quem visita o restaurante pela primeira vez se sinta como um habitué. E tudo isso com a esplendorosa vista da Baía de todos os Santos e Ilha de Itaparica.
Parabéns, Edinho!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Dois charutos que valem a pena

Olá, amigos!
Edições limitadas de habanos sempre merecem atenção. Mas depois de alguns anos de seu lançamento, se ainda pudermos encontrá-las, podem ser verdadeiras jóias.

É o caso de duas edições limitadas, ambas de 2007, que ainda tive a sorte de encontrar em Havana.
A primeira que gostaria de destacar é a do Trinidad Ingenios EL 2007. Uma bitola cervantes, começa por ser um charuto extremamente elegante. A capa maduro é impecável, e o aroma a cru é delicioso. No início, o charuto mostra aromas amadeirados e apimentados, que evoluem bem. Mas é no último terço que ele realmente mostra algo a mais, um sabor amendoado, com notas de marzipan, simplesmente delicioso.
A outra edição que merece registro é do Romeo y Julieta, os Escudos LE 2007. Um grand robusto, é um charuto bem imponente. Em termos de construção tem queima e fluxo perfeitos. E os aromas surpreendem, sendo mais complexos do que o típico floral de RyJ. É um charuto com mais corpo, fumaça densa, com presença marcante de cacau a partir da metade, e um aroma adocicado que a capa maduro proporciona.
São dois charutos altamente recomendáveis que, depois de 3 anos de seu lançamento, parecem ter atingido o ponto ideal.

quarta-feira, 2 de março de 2011

CHARUTO E GASTRONOMIA

POR LUCIANO DALL'ALBA - RESTAURATEUR

A ligação do charuto com a alta gastronomia é notória. O número de gourmets e chefs de cozinha aficionados por charutos é grande. Não é à toa que os puros se fazem presentes nos encontros de várias das mais tradicionais confrarias gastronômicas do mundo.

Muitos restaurantes contam em sua equipe com um epicuresommelier, que é o profissional habilitado a orientar o cliente na harmonização entre o charuto e a bebida para a degustação. Considerando, naturalmente, que a bebida em um jantar está em sintonia com o(s) prato(s) da refeição, o que se busca, em suma, é uma harmonia completa entre a comida, a bebida em questão e o charuto a ser escolhido.

Uma refeição é harmônica quando os sabores, os ingredientes do prato, atuam de forma complementar na estimulação de nossas papilas gustativas e receptores olfativos, já que a percepção de sabor é uma ação conjunta de paladar e olfato.

Como em uma música, esses estímulos podem cantar no mesmo tom ou serem dissonantes. Há sabores que combinam; outros que não. Um prato equilibrado, harmônico, permite que cada ingrediente destaque e valorize o outro, sem sobreposição, proporcionando uma degustação perfeita. É uma sinfonia gustativa. No caminho inverso, a desarmonia faz com que certos sabores simplesmente desapareçam do conjunto ou percam completamente o brilho. E isso vale igualmente para a relação do vinho com o prato ou com o charuto. Eles precisam estar afinados.


Obviamente que nossa percepção gustativa muda conforme a ocasião - hora do dia, tipo de refeição, tempo de degustação. Um Ramón Allones gigantes será sempre um ótimo charuto, mas certamente suas notas de sabor serão melhor apreciadas ao fim de um bom jantar do que de forma casual, pela manhã, antes de uma partida de tênis - embora isso possa ser questão de gosto. Ainda assim, é importante considerar o contexto ao escolher o mais adequado para aquele momento.


Também em comum entre a mesa e o charuto está o ritual que envolve ambos.

Um banquete jamais será servido com pressa, no intervalo de um dia intenso de trabalho. É um evento que deve ser apreciado em cada um de seus momentos, da entrada à sobremesa ao gran finale - para os que apreciam - o charuto. Esse também envolve um ritual. Charutos não se fumam rapidamente no caminho de casa para o escritório. Degustar um charuto é um momento de extremo relaxamento e prazer, quer seja coroando uma grande refeição ou como parceiro de uma boa conversa entre amigos ao fim do dia. E deve ser degustado com calma para que seja devidamente apreciado.


Portanto, charuto e boa gastronomia são parceiros perfeitos e complementares para aqueles que apreciam os maiores prazeres que o paladar nos pode proporcionar!