sábado, 26 de maio de 2012

O charuto brasileiro


Escrever sobre charutos nacionais sem cair em duas armadilhas que rondam o assunto  - a comparação com charutos cubanos e a conseqüência imediata desta, que é classificar o charuto brasileiro como opção de baixo custo - é um desafio.

Comparar charuto brasileiro com cubano, em termos de sabor, é algo que não poderia ser feito, por se tratarem de tabacos muito diferentes. As características de terroir e clima são muito distintas e praticamente imutáveis. Não há como reproduzir as condições do solo cubano e suas variações climáticas no recôncavo baiano ou qualquer outra região produtora brasileira, e vice-versa. Serão sempre diferentes. Exigir do tabaco baiano características que ele não pode ter mostra, antes de tudo, desconhecimento sobre o assunto. Estão em categorias distintas. Em termos de tradição, a comparação é impossível. 

Afirmar, no entanto, que o charuto brasileiro é apenas uma opção de baixo custo também não me parece justo,ainda que alguns produtores pareçam fazer questão de que seja assim. O charuto brasileiro tem identidade própria. Um apreciador com experiência pode diferenciar imediatamente um charuto cubano de um dominicano e de um brasileiro. Há gosto e ocasião para tudo.

O que pode e deve ser comparado é o profissionalismo dos produtores, o controle de qualidade, a preocupação com a consistência dos blends, a apresentação comercial das marcas,etc.  E, nisso, estamos muito atrasados. Minha maior resistência em relação ao charuto brasileiro é que ele não oferece muita consistência. Você experimenta um e está ótimo; o próximo é um charuto completamente diferente. Quem se arrisca a comprar uma caixa de um produto assim, sem saber o que vai encontrar?

Creio que um exemplo a ser seguido são os produtores dominicanos, nicaragüenses, hondurenhos. Têm um nicho de mercado próprio, são charutos de alta qualidade, mas com características próprias e apreciados no mundo inteiro. Tomara que, um dia, o nosso charuto possa atingir esse status.




MELHORES DEGUSTAÇÕES:



Mocambo - charuto de ótima qualidade, tabaco 100% mata-fina produzido na Bahia. Talvez o mais consistente do segmento nacional. É uma escolha certa, com destaque para o Corona Gorda, que é o topo de linha.













Dona Flor Corpo e Alma - A petaca com 3 robustos é muito bonita e permite conhecer 3 blends diferentes: tradicional mata-fina/mata norte, seleção e puro mata-fina.











Dannemann Artist Line - O melhor Dannemann, produzido principalmente para exportação. Belo acabamento.

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